sábado, 21 de junho de 2014

O POST ABAIXO É ABSOLUTAMENTE EMBLEMÁTICO DO QUE DEVE -COM CERTEZA- TER ACONTECIDO COM MILHÕES DE BRASILEIROS, TODOS LEVADOS POR ESSA "MÍDIA GOLPISTA", POR OPOSITORES AO GOVERNO E POR INCONTÁVEIS "PAGA-PAUS", A TER ESSE SENTIMENTO DE "NÃO VAI TER COPA", "QUERO VER NA COPA", ENFIM, DAQUELES QUE SE SOMARAM AO IDIOTA DO RONALDO, QUE ORA GANHAVA DINHEIRO COM A COPA, ORA DE SEU PAÍS SE ENVERGONHAVA. DA MINHA PARTE, NUNCA DUVIDEI QUE IRIA DAR TUDO CERTO! SÓ NÃO ACREDITAVA QUE SERIA TÃO BOM!!!

http://mpjota.com/2014/06/20/a-copa-dos-arrependidos/

A Copa dos arrependidos

COPA 

Eu me arrependi. Me arrependi de não ter comprado ingressos, de não ter tirado férias, de não estar hoje em Porto Alegre e amanhã em Manaus. De não poder torcer ao vivo pelo Brasil, pela Austrália ou por Gana. Me arrependi de ter ficado de mimimi na hora errada.
Eu gosto de futebol, mas gosto de várias outras coisas muito mais do que de futebol. E uma delas é Copa do Mundo. Um não tem nada a ver com o outro, ainda que tenha tudo a ver. Cada uma delas marca a gente de um jeito diferente.
Me lembro onde estava em todos os anos desde 1982, quando o Brasil foi desclassificado e meu pai levou meu irmão e eu para tomar um sorvete e esfriar os ânimos. Os ânimos dele. Eu ainda não entendia muito bem a dimensão de tudo aquilo, mas ainda lembro da cara de desconsolo do velho e do silêncio sepulcral da cidade. Acho que foi quando eu descobri o que era decepção. Foi a Copa do sorvete.
Teve um ano, que a gente se reunia na chácara de uns amigos para fazer churrasco e ver todos os jogos do Brasil. Não lembro da escalação, nem quem ganhou a Copa, mas lembro do Ricardo, um menino de franja caída sobre os olhos, por quem eu era apaixonada, que chegava sempre chapado num Fiat 147 rebaixado. Ele mal olhava para mim, mas eu só tinha olhos para ele. Foi a Copa do Ricardo.
Em 1998, eu estudava no Canadá. Já no primeiro jogo, descobrimos em Little Portugal um bar sintonizado no jogo. Encheu de brasileiro, ganhamos sei lá contra quem, fechamos a rua, teve Carnaval, a polícia não entendeu nada. No segundo jogo, o esperto do portuga, dono do bar, conseguiu transmissão da Globo e passou a cobrar 10 doletas de entrada. Entupia. Perdemos na final, a rua lotada de brasileiros e gringos na maior festa. Os policiais não se conformavam: haven't you lost the game? Foi a Copa do Galvão.
O ano do Japão e da Coréia do Sul eu não esqueço, pelo menos do perrengue. Colocava o despertador para acordar de madrugada e ir para a sala enrolada num cobertor. Ouvia os gritos nos prédios ao lado, as luzes acendiam. O Brasil ganhava, ninguém mais dormia e eu morria de arrependimento de não estar no bar mesmo com frio e com sono. Mas o que eu me lembro mesmo foi que me reuni com um turma para tomar café da manhã e ver a final. A gente ganhou, mas ver jogo de madrugada é muito chulé. Foi a Copa do #nãovaitercerveja.
Então, chega o ano em que a Copa é no Brasil. Sempre quis uma Copa no Brasil. Vou tirar férias, passar o mês viajando pelo país, assistir a todos os jogos possíveis, fazer festa na rua, me embebedar abraçada com gente desconhecida.
Broxei junto com o clima anti-copa e não fiz nada para participar dela.
Ela chegou e eu fiquei de fora. Engrossei a massa dos sem-ingresso. Também quero cantar o hino à capela, quero ir na FIFA Fun Fest, quero beber na Vila Madalena até de manhã com gente feliz e estrangeira. Quero esquecer até 13 de julho que tudo foi feito errado.
Ontem, quando ficava pronta para ir ao trabalho, um amigo me ofereceu ingressos para ver a Espanha ser despachada de volta pra casa. Sem condição. Tinha que bater ponto em Curicica. Assisti ao jogo pela TV. Continuo em último no bolão. Mas tenho me divertido mesmo à distância como nunca em todos os mundiais da minha vida com tudo que leio, vejo e ouço. Eita, povo criativo. Eita, povo emocionante.
Ainda tenho esperança de emplacar um jogo ao vivo e fazer num dia só o que planejei para o mês todo. Tem gente que está preocupado se o Brasil vai ganhar, eu só quero me divertir. Está sendo a Copa das Copas.

Essa sou eu

Sou jornalista, moro no Rio, mas vivo com um pé – e metade do coração – em São Paulo, onde morei até maio de 2012. Adoro o cheiro do aeroporto, de andar em calçadas desconhecidas, de ouvir línguas que não entendo! De dançar até as pernas cansarem e de dar risada até a barriga doer… Não vivo sem Coltrane, cerveja gelada e sorvete no inverno. Adoro gente. Adoro tentar entender as loucuras da alma. Da minha e dos outros. E gosto de transformar isso em palavras, em frases e histórias.
Hoje, sou editora da TV Globo, no programa Encontro com Fátima Bernardes. Todo conteúdo publicado no blog é de minha autoria. Fui editora da Folha de S.Paulo, das revistas Women’s Health e Men’s Health, repórter de Veja, além de ter contribuído para veículos como O Estado de S.Paulo, revistas Nova, VIP, Viva Saúde entre outros.
Dei minhas voltinhas no mundo da publicidade, produzindo conteúdo para Brastemp, Consul e Itaú.
Mariliz Pereira Jorge

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