Professor de Hidráulica da Poli/USP confirma o que o Tijolaço vem dizendo: Alckmin mente ao povo de São Paulo
Fernando Brito
Não pensem que este blogueiro não tem medo, porque tem.
Algumas vezes, mais do que ter informações, ele precisa acreditar na sua própria capacidade de juntar fatos e dados fragmentados, pensar e afirmar.
Não por vaidade ou pretensão, mas para esclarecer as pessoas do que não lhes é dito.
Acabo de ler a entrevista da querida e sensacional jornalista Conceição Lemes, no Viomundo, com o professor aposentado de Hidráulica da Escola Politécnica da USP Júlio Cerqueira César, um profissional com 40 anos de experiência e que conheceu por dentro os órgãos estatais de operação e planejamento do Estado de São Paulo em matéria de abastecimento hídrico.
E, com essa autoridade, ele diz o mesmo que este blog, há semanas, vem dizendo.
“O senhor governador está preocupado com o dia 4 de outubro. Ele acha que se falar em racionamento, a população não vai votar nele. Então começa a inventar uma série de jogadas demagógicas. Só que ele já está racionando a água há mais de dois meses.”
“Só que eles estão fazendo o racionamento dirigido. Dirigido a quem? Aos pobres que não reclamam. Vão deixam os ricos para o fim.”
“Não é reserva estratégica coisa nenhuma (o volume morto dos reservatórios) . É um volume 400 milhões de litros de água que está lá. Só que ele não é usável, porque está abaixo do reservatório do Cantareira.”
“Se eles tirarem a água agora, eles vão jogar o problema para três meses à frente. (…) Quando começar a chover em outubro, os reservatórios do Cantareira vão começar a encher? Não!!! O buraco é que vai encher primeiro. Enquanto não estiver cheio, nada de água nos reservatórios. E a quantidade de água das chuvas é menor do que essa que vão tirar do buraco. Em vez de três meses, vai levar um ano para encher esse buraco e começar a entrar água no reservatório”
“Serão necessários dois anos para ela ficar concluída (a obra do Paraíba do Sul). Por isso, pra mim, é mais uma jogada demagógica do governador.
“Não tem como sair (desta situação). Nós chegamos agora num ponto que vamos ter de suportar essa estiagem até começar a chover de novo. São seis meses de racionamento violento. O Cantareira representa metade da água de São Paulo. Não tem outro jeito, a não ser racionar.”
Tudo, como os leitores mais pacientes podem recordar, o que este modesto e carioca blogueiro, muito longe das represas, tem afirmado com os dados técnicos que, teimosamente, vem recolhendo todos os dias.
E que uma grande mas cúmplice imprensa paulista tem tratado de forma superficial, quase que se limitando a reproduzir o que dizem a Sabesp e Geraldo Alckmin.
E que são o que o professor Cerqueira define, sem meias palavras: mentiras.
Leia a entrevista que ele dá a Conceição Lemes, no Viomundo.
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