Nos jornais, o caos, No mundo real, uma economia que cresce. E isso importa?
Fernando Brito
Os jornais divulgam o resultado da arrecadação federal em fevereiro: um recorde para o mês, com crescimento de 3,44% na comparação com fevereiro de 2013, já descontada a inflação.
Como os impostos não aumentaram – ao contrário, as desonerações fiscais até aumentaram – está claro que isso é resultado de que a atividade econômica se intensificou.
Mesmo considerando que fevereiro, este ano, teve dois dias úteis a mais, os critérios de competência dos tributos não permite “descontar” mecanicamente esta variação e negar essa verdade.
Mas que importa a verdade?
Há apenas seis dias, o Estadão publicava que o Tesouro ia ter déficit em fevereiro “por causa da frustração na arrecadação, segundo apurou o ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’.
A Folha, no dia seguinte, cravava: Receitas decepcionam, e economia do governo diminui no 1º bimestre.
Mas não tem problema:
Hoje, ao anunciar o recorde, o Estadão injeta o famoso “mas” dourubusismo.
Importa alguma coisa que a arrecadação de janeiro, por causa do calendário de impostos seja SEMPRE muito superior à de fevereiro?
Ano passado, por exemplo, a mesma “queda” teria sido de 35%…
Essa é a qualidade técnica dos jornais que deitam lições sobre as contas públicas brasileiras: não dava para ser auxiliar num escritório de contabilidade.
Mas são levados em conta pelas “agências de risco”.
E pior, projetam uma sombra agourenta sobre a economia real que, por sorte, não liga tanto assim para eles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário