quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A NOTÍCIA É TÃO VELHA QUE A FÁTIMA AINDA ESTAVA NO JN. CALARAM-SE PORQUE?

Talvez tenha a ver com este modus operandi da imprensa.
Vale a pena ler.
Tudo a ver...
http://maureliomello.blogspot.com.br/2013/08/efeito-pedra-no-lago.html

Efeito Pedra no Lago

Nesta segunda-feira fui cortar o cabelo. Como assim? Cortar cabelo no dia em que o salão fecha? Pois não é que encontrei um cara aqui em Vinhedo que aproveita as folgas de garçons, manicures e cabeleireiros para ganhar o dele?


Cheguei ao salão e tinha um menino na minha frente, de uns 15 anos. Ebenezer (lugar retratado na Bíblia, onde os filisteus derrotaram os israelitas, uma guerra que aconteceu na região de Canaã, para tomar a Arca da Aliança) pediu que eu esperasse, mas eu disse: vou ao banco e volto em seguida.

Quando voltei lá estava ele, pronto a me atender. Perguntou qual foi a reportagem que editei naquela semana  e quando disse que foi sobre cães e gatos que precisavam de adoção ele disse: eu assisti. Fiquei contente. Sinal de que o programa de domingo à noite, de fato, é visto pelo público. Só havia experimentado este sentimento, anos atrás, quando trabalhei na TV Globo.

Ebenezer, um jovem de uns 27 anos, perguntou-me em seguida se eu acreditava que a Globo manipulava o noticiário e como seria isso. Dei um exemplo hipotético e didático. Disse: faz de conta que a inflação da última quinzena tenha sido 0,15%. Vamos supor que este índice seja comparado à quinzena do mês anterior, o que demonstra queda.

Agora, suponha que eles peguem a mesma quinzena e comparem com a quinzena correspondente do ano passado e que, no período escolhido, a inflação seja negativa (estou excluindo aqui os fatores sazonais e climáticos, o que tornaria a análise um tanto complexa para meu interlocutor). Vamos supor que no primeiro caso a inflação esteja em queda e no segundo em alta.

Isso, continuei, vai servir para aqueles grupos econômicos que pressionam o Governo por aumento nas taxas de juros, porque são rentistas e é assim que ganham mais. Ele entendeu e emendou: nossa, é assim que funciona? Respondi: é pior, amigo.

E continuei: vamos supor agora que um grande grupo de comunicação decida construir uma gráfica. E que encontre um terreno público do jeitinho que estão procurando na baixada fluminense, mas como não quer gastar dinheiro com isso, entra em ação.

Como? O prefeito de um determinado município está envolvido em escândalos de corrupção. Aí, o jornal que tem interesse em construir nova gráfica estampa em primeira página uma denúncia envolvendo o prefeito. Naquela mesma noite, o principal telejornal da emissora, do mesmo grupo, repercute a notícia...

No dia seguinte, o repórter da emissora volta ao local para entrevistar o prefeito. Enquanto isso, uma ligação para o gabinete informa que a emissora pretende seguir o assunto, a não ser que o prefeito decida conversar.

O prefeito cede. Um helicóptero decola da zona sul carioca levando emissários e o texto de um decreto-lei, que concede o terreno da prefeitura para que a emissora explore-o por 80 anos. No local é construída a nova gráfica com maquinário de última geração.

No dia da inauguração, o próprio presidente da República é quem corta a fita, que simboliza o início das atividades da planta. Aí concluo: é assim que a imprensa manipula, chantageia, intimida e submete o poder político à sua vontade. E ai de você se confrontá-los.

Depois, dou de exemplo o caso de um governador de Estado e da mulher dele, também governadora depois, que decidem confrontar de peito aberto um poder corrupto, perverso e tirano.

Pela primeira vez vejo os olhos do interlocutor brilharem. Finalmente ele havia entendido o poder que a internet tem - e que antes foi dos grandes meios - de ressoar a informação, como uma pedra atirada ao lago, em ondas concêntricas a se propagarem em direção à margem.

Ebenezer entedeu a mensagem. Não duvido que ele conte para a família, para a turma da igreja e, principalmente, ele próprio tome consciência de como as coisas são. Eles são sujos, sim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário