domingo, 28 de julho de 2013

ISSO POR QUE O PAÍS ESTÁ ENTRANDO EM "DESEMPREGO"- ESSA ORQUESTRA NÃO SE EMENDA!!!

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/07/1316966-conheca-executivos-estrangeiros-que-vieram-trabalhar-em-sp-para-fugir-da-crise.shtml
SALÁRIOS MAIS ALTOS
"Não é só por causa da crise global. "O fato de o Brasil possuir uma economia forte, democracia sólida, além de ser aberto à diversidade de cultura tem os atraído", diz Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half, que faz recrutamento de profissionais estrangeiros."

Com crise global, executivos estrangeiros vêm a trabalho e contam sua relação com SP

ADRIANA FARIAS
DE SÃO PAULO
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O americano Cassiano Bonjardim, 27, havia acabado de se formar em arquitetura nos Estados Unidos quando sentiu na pele os reflexos da crise financeira, em 2010. Desempregado e sem perspectivas, viu no Brasil uma chance de crescer profissionalmente.
Com parentes brasileiros e amigos morando em São Paulo, Bonjardim aprendeu bem o português, encontrou sócios e abriu o hostel CityLights em Pinheiros, na zona oeste. "Eu pensei em ficar só oito meses, mas as coisas foram dando certo", diz, sentado em um banco do Sesc Pompeia, seu lugar preferido na cidade. "Além de tudo, o Brasil estava em destaque, com a economia crescendo, ainda tinha a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Não tinha melhor época para eu vir e dar essa chance para São Paulo."
A história de Bonjardim se repete nas falas de outros profissionais estrangeiros que se mudaram para São Paulo depois de seus países de origem passarem por crises financeiras.
Segundo balanço recente do Ministério do Trabalho, nos últimos quatro anos houve um aumento de 66% no número de autorizações de trabalho para profissionais quem vieram de fora. Em 2008, foram 43.993; no ano passado, 73.022.
O Estado de São Paulo é quem mais recebe os estrangeiros. No mesmo período, o número de vistos cresceu 38%. São cerca de 25 mil estrangeiros por ano que vêm ao país para trabalhar.
SALÁRIOS MAIS ALTOS
Não é só por causa da crise global. "O fato de o Brasil possuir uma economia forte, democracia sólida, além de ser aberto à diversidade de cultura tem os atraído", diz Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half, que faz recrutamento de profissionais estrangeiros.
É o caso do administrador francês Pierre Colnet, 30. Há três anos no país, escolheu São Paulo para abrir uma empresa de e-commerce. "É uma cidade que permite e fomenta o empreendedorismo, e essa é uma das razões pelas quais resolvi me mudar e viver aqui."
Segundo o diretor da companhia de recrutamento Mariaca, Fábio Marra, as áreas mais procuradas têm sido tecnologia da informação, telecomunicações, engenharia, pesquisa e desenvolvimento, além de gestão da qualidade e inovação.
"São áreas nas quais o país tem carência", diz. "Os executivos com cargos mais altos podem ganhar mais no Brasil do que recebiam no exterior. Esse tema já é pauta de discussão nas empresas brasileiras".


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Executivos turistas

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Gabo Morales/Folhapress
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A administradora alemã Tjalda Drucke, 28, posa para um retrato no Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo
Tjalda Drucke, 28, administradora alemã
Casada com um brasileiro, Drucke se mudou para Vila Mariana há poucos meses e está em fase de recolocação no mercado. Em Hamburgo, estudou português.
"Como o Brasil é uma economia ainda não tão saturada, é mais flexível e dinâmico, o que favorece a carreira", diz, otimista. Ela também destaca que o ambiente de trabalho no Brasil é menos preconceituoso do que na Alemanha. "Lá, as mulheres muitas vezes não são promovidas. A partir de uma certa posição você não sobe mais, só os homens."
Ainda descobrindo a cidade, ela se anima com a diversidade de culturas. O Museu da Língua Portuguesa é seu lugar predileto. "É interativo com algo potencialmente 'chato' como a linguística", diz. Reclama, como os paulistanos, do transporte público e da segurança. "Sinto falta de voltar para casa às 3h andando ou de bicicleta."
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Daniel Sanchéz, 36, engenheiro químico mexicano
Pouco antes de vir ao Brasil, Daniel Pérez Sanchez trabalhava nos Estados Unidos em uma empresa portuguesa de capital que demitiu metade de seus funcionários, após sentir os reflexos da crise europeia.
Com experiência nas áreas de energia renovável, indústria química e petroquímica, além de ter familiaridade com o português, Sanchez foi convidado a vir para São Paulo no ano passado para fazer parte da equipe da Korn/Ferry, empresa especializada em recrutamento de executivos, da qual é sócio hoje.
O visto de trabalho demorou quase dez meses para sair. Sanchez não é exceção. Muitos estrangeiros têm se queixado desse problema e o Ministério do Trabalho criou uma comissão especial para estudar o atual modelo de ingresso de profissionais estrangeiros no país.
Ao chegar à cidade, o executivo não teve muitas dificuldades de adaptação, já que a cultura mexicana é parecida com a brasileira, segundo ele. O que o surpreendeu foram os motoristas paulistanos. "Eles são mais educados do que os motoristas da Cidade do México. Aqui dão seta, não sobem na faixa de pedestre e não buzinam tanto, lá é bem pior", diz, acomodado em um dos bancos do parque do Ibirapuera, seu lugar "número 1" na cidade.
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Carolina Piber, 33, diretora de marketing argentina
"São Paulo é uma miniamostra do mundo todo", diz a executiva argentina, sentada em um sofá colorido no lobby do hotel Unique, o edifício mais "surpreendente e icônico" da cidade, na opinião dela.
Com mestrado na área de gestão estratégica e tecnologia, Piber pretendia ficar apenas um ano em São Paulo. Esta há mais de três. Veio sozinha, com duas malas. Hoje, é diretora de marketing para a América Latina do portal Hoteis.com.
Seu país passava por uma crise de confiabilidade no mercado, e ela via no Brasil um terreno mais promissor para sua carreira.
"Esta é uma cidade vibrante, onde você pode sentir a dinâmica dos negócios na vida cotidiana", diz. Ela morou um ano na Vila Olímpia, na zona oeste, onde ia a pé para o antigo emprego;
depois mudou-se para Moema, na zona sul, porque é um "belo bairro, com ruas largas e árvores antigas". Quando vai comer fora com os amigos, escolhe o Colher de Pau, nos Jardins, ou o Mocotó, na Vila Medeiros.
"Eu fiquei chocada com o quão pouco as pessoas andam aqui. Elas usam seus carros para fazer praticamente tudo, mesmo que seja para uma curta distância."
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Pierre Colnet, 30, administrador francês
Colnet saiu há dez anos da França para trabalhar e estudar. Morou dois anos no Sul do Brasil e há um ano e meio decidiu que abriria sua empresa de e-commerce em São Paulo. Escolheu morar no bairro da Pompeia, "perto da muvuca da Vila Madalena, mas com um charme de bairro".
Adora as feiras de rua da região e não deixa de tomar sorvete na Bacio di Latte. Se a pedida for noturna, os bares, pubs e baladas da rua Augusta, no centro, estão na lista.
Aprendeu português na Argentina e tornou-se fluente. Acostumado a ouvir sobre a "pauleira da cidade", não se surpreendeu quando chegou aqui. Quando relembra sua fase de adaptação, as primeiras palavras são transporte público. "Deixei de fazer muita coisa por causa do transporte e das distâncias", diz o francês, que apoiou os protestos que pediram a revogação do aumento da tarifa na cidade.
Ele se diz um "admirador" do metrô Sumaré, "não só pela arquitetura e pela vista, mas por lá estar o poema 'Motivo', seu preferido de Cecília Meireles (1901-1964)": "Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta".
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Mathieu Le Roux, 35, francês, diretor-geral da Deezer para América Latina
A história de Le Roux com o Brasil começou em 2001, quando tinha 23 anos. "O fato de eu amar a música brasileira ajudou na escolha", conta ele, que é casado com uma brasileira e mora no bairro Panamby.
O executivo ficou oito anos afastado do Brasil e voltou em outubro do ano passado, quando assumiu o cargo de diretor-geral da Deezer (aplicativo de música) para América Latina.
"Fiquei impressionado ao ver como a cidade evoluiu. Eu acho hoje que São Paulo está muito mais limpa, com cara de metrópole moderna. Aqui há uma mentalidade muito aberta para novidades, novos produtos e serviços inovadores", afirma, mas faz uma ressalva. "Se houvesse um sistema de metrô como há em Nova York ou Paris, eu poderia realizar três ou quatro reuniões por tarde, em vez de apenas uma."
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Markus Vlasits, 42, austríaco, gerente nacional da Yingli Green Energy
Com formação na Universidade de Viena e em Harvard, Vlasits desembarcou em São Paulo com a família em agosto do ano passado, com o objetivo de desenvolver novos negócios voltados para a energia solar fotovoltaica (painéis solares que convertem a luz do sol em energia elétrica).
"Esse é um mercado promissor no Brasil", afirma ele, que é gerente nacional da Yingli Green Energy, fabricante que desenvolveu os painéis solares do Maracanã.
Vlasits foi morar no bairro do Morumbi, nas palavras dele, uma "decepção". "É um bairro sem identidade", diz. Mudou-se então para os Jardins. Na região, apaixonou-se pela rua Rutília, toda florida.
Para um happy hour com os colegas de trabalho, escolhe o Bar des Arts, no Itaim Bibi.
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Cassiano Bonjardim, 27, arquiteto e empresário americano
O arquiteto veio morar em São Paulo há dois anos e meio, após ficar sem perspectivas de trabalho nos Estados Unidos. Abriu o hostel CityLights, na zona oeste.
Como amante da arquitetura que integra espaços, seu lugar preferido na cidade é o Sesc Pompeia. "É o edifício mais inspirador de São Paulo, e os serviços que presta não podem ser comparados aos de qualquer outra instituição cultural no mundo."
Entre seus preferidos também estão o parque Ibirapuera, o MuBE (Museu Brasileiro da Escultura) e o Masp (Museu de Artes de São Paulo), que "pode agregar tanto feiras de rua como aglomerar manifestações." Quando recebe os amigos americanos, não hesita em levá-los para presenciar a hora do rush na estação da Luz.
É de jeans e skate que vai para o trabalho todo dia, recusa-se a dirigir no trânsito e sente falta das calçadas lisinhas da Califórnia.

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